Festas juninas em Fernando de Noronha terão milho mais caro após praga de lagartas destruir safra

Joquar Stymish
Joquar Stymish
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Agricultores entrevistados pelo g1 disseram que será necessário comprar milho no continente para consumo no São João, o que vai aumentar o preço do produto.

A safra de milho de Fernando de Noronha foi prejudicada por uma praga de lagartas em 2024. Segundo agricultores locais, como a produção foi dizimada, não haverá milho cultivado na ilha para consumo durante as festas juninas deste ano e será necessário comprar o produto no continente, o que aumentará o preço.

O agricultor José Ambrózio Evandro da Silva planta milho há cerca de 30 anos. Ele esperava colher 30 mil espigas, mas sobraram apenas 11 pés de milho de tudo o que cultivou.

“A safra foi prejudicada por uma praga de lagarta, que eu nunca vi na ilha, eliminou todos os pés de milho da minha plantação. É uma lagartinha verde, muito rápida e destruidora. Não vai ter milho produzido em Noronha no São João deste ano”, disse José Ambrózio.


O agricultor Waldredo Morais também teve a safra prejudicada pela praga. “Neste ano, foram muitas lagartas, uma praga. Era nascendo o pé de milho e elas comendo. Fico triste. Eu soltei as galinhas para comer as lagartas”, contou Walfredo.

O agricultor Josinaldo Dantas tinha a expectativa de colher seis mil espigas e foi surpreendido pela praga. “Apareceu uma ‘tempestade’ de lagarta que eu nunca vi antes, foi terrível. Vou colher quase zero.

Nós não tivemos apoio do governo para combater as pragas”, declarou.

Josinaldo, que também tem uma quitanda, disse que a alternativa para abastecer o mercado da ilha nas festas juninas será comprar milho do continente.

“Vou trazer do continente, vai ser um pouco mais caro, mas é a única alternativa. Acredito que a espiga deve ser vendida por R$ 5 a unidade. Não dá para ganhar dinheiro, mas dá para manter a tradição”, contou Josinaldo.

O que diz o IPA
O g1 procurou o Instituto Agronômico de Pernambuco (IPA) para saber por que os agricultores da ilha não receberam orientações para combater a praga. Em nota, a instituição disse que:

Tem, junto com a Administração de Fernando de Noronha, um acordo técnico de cooperação que está em fase de restruturação, para “aprimorar as práticas de assistência técnica sistemática” na ilha;


“No ano de 2023, foram aplicados mais de 1.500 questionários.

s dados estão sendo compilados e os resultados serão apresentados aos respectivos segmentos envolvidos para uma construção coletiva das novas ações”;


O estudo socioprodutivo está pronto, com diagnóstico das atividades da pesca, agricultura e pecuária;


O IPA não tem funcionários lotados em Fernando de Noronha.

A visita dos técnicos ocorre de acordo com o cronograma pré-estabelecido e em sintonia com demandas oficiais, através da Administração da Ilha.


“Demandas que impliquem na entrada de sementes na ilha ou no combate a qualquer tipo de praga em Fernando de Noronha devem ser formalizadas junto ao IPA e à Administração de Noronha, o que não ocorreu no caso do milho”.
Essa exigência é necessária porque existem protocolos rigorosos a serem seguidos devido às condições ambientais da ilha.

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